Prefeitura do PSB tem fraude, lavagem de
dinheiro, falsidade ideológica e peculato, diz MPCO
A prefeitura do Recife, sob o comando do prefeito
Geraldo Júlio(PSB), está envolvida com fraude, lavagem de dinheiro, falsidade
ideológica e peculato. A denúncia é do
Ministério Público de Contas(MPCO). Entre outras questões, a denúncia aponta a
compra de respiradores no valor de R$ 22 milhões a uma empresa do ramo
veterinário.
No anúncio, feito nesta quinta-feira (21), o MPCO
informou que no dia 23 de abril passado protocolou uma representação junto ao
Tribunal de Contas do Estado(TCE), pedindo a instauração urgente de uma
auditoria especial na prefeitura do Recife para apurar contratos assinados da
compra de 500 respiradores médicos para a Covid-19.
A prefeitura do Recife rebateu a denúncia,
afirmando não ter sido notificada e garantindo que a empresa do ramo
veterinário pode vender equipamentos médicos.
Na ação, o Ministério Público declara estranheza
pelo fato de que as aquisições foram feitas diretamente com uma microempresária
do interior de São Paulo, na cidade de Paulínia, que tem um CNPJ como
revendedora varejista de produtos veterinários (pet shop) e colchões.
Segundo a representação do MPCO, constam dois
empenhos de R$ 22 milhões para a empresa JUVANETE BARRETO FREIRE 5743449791,no
Portal da Transparência do Recife, bem como três contratos já assinados, separadamente,
de 200 respiradores, 100 respiradores e 200 respiradores, totalizando 500
unidades.
O valor total dos três contratos já assinados com a
prefeitura é de R$ 11.550.000,00 (onze milhões, quinhentos e cinquenta mil
reais), de acordo com o MPCO.
Algumas particularidades da transação são bastante
curiosas ou extraordinárias, o que de cara despertou a atenção do MPCO, que
aponta mais 20 irregularidades graves na compra, que ocorreu de forma direta,
sem licitação.
Pelo jeito, quem fez a licitação nem teve muito
cuidado ou não teve nenhum receio do que estava fazendo, certamente contando
com a impunidade. Um dos primeiros pontos que de cara chamou a atenção do
Ministério Público de Contas foi a absoluta incapacidade da empresa de realizar
uma venda de uma quantidade tão expressiva de respiradores, por ser uma
microempresária individual, sem qualquer experiência anterior na venda de
equipamentos médicos.
A forma com que foi feita a contratação pode
revelar um pouco da pressa ou arranjo para que a empresa fizesse a compra à
prefeitura, certamente à mando de alguém do Recife. “A empresa é tão pequena,
que na hora de cadastrar o nome ela colocou no nome da empresa o número do seu
CPF pessoa física. O nome oficial da empresa é JUVANETE BARRETO FREIRE
5743449791, assim mesmo, com este número enorme. Em 14 anos como procurador, nunca
vi uma licitação com esta configuração de nome empresarial”, explica o procurador
Cristiano Pimentel, que acompanha a investigação, deixando claro a indignação
com a tentativa medíocre dos autores do delito em tentar ludibriar o processo
legal e honesto da compra.
De acordo com o MPCO, outra curiosidade do processo
é que a empresária Juvanete Barreto Freire foi representada, na assinatura dos
três contratos com a prefeitura, por um empresário do Recife, também do ramo de
pet shops, como Juvanete.
Ainda de acordo com apuração preliminar do MPCO,
este empresário, que assinou os contratos como procurador, pasmem, seria
cunhado de uma pessoa com cargo comissionado no Governo do Estado, e que já
teria sido mencionado em irregularidades junto com a empresa Casa de Farinha,
em processo que tramitou no TCE. A mesma Casa de Farinha já envolvida em vários
escândalos no Estado.
Outro fato bem interessante é que a tal empresa
paulista foi aberta apenas em outubro de 2019, ou seja, há menos de seis meses.
Mais que isso, no cadastro da Receita Federal a empresa tem um limite de
faturamento anual de apenas R$ 81 mil (oitenta e um mil reais). Em ofício
enviado para o MPCO, a empresa chega a admitir que seu cadastro na Receita
estava irregular no ato da assinatura dos contratos com a prefeitura do Recife.
Na representação, o MPCO diz que “É absolutamente incompatível a
Prefeitura do Recife celebrar contratos de R$ 11 milhões com uma empresa de
capital social de apenas R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)”.
Mas pra quem achou pouco, ainba tem mais: o Ministério Público de Contas constaou
quer tanto na Receita Federal quanto na Junta Comercial de São Paulo a empresa
só está habilitada para “comércio varejista de artigos de colchoaria”. Será que
só a prefeitura do Recife não viu isto ou quem viu já sabia?
O MPCO revela categoricamente que a empresa não poderia vender “no
atacado” 500 respiradores de uma vez para a prefeitura, pois são produtos
médicos que a empresa não teria cadastro para venda e nem deveria ter tosdo
esse material em estoque, o que revela que tem muito mais mistério na
negociação do quie até agora foi revelado.
O órgão aponta, ainda, que a única certidão que “a única certidão que a
empresa tinha para contratar com a prefeitura é a que obteve na data de sua
abertura, que já está com a validade vencida desde abril” e que só pode ser
utilizada por conta de recente medida provisória do Governo Federal devido à
pandemia.
Ainda tem mais: em 2015, a Justiça Federal de São Paulo declarou por
edital que a tal empresária JUvanete Barreto Freire estaria em “lugar incerto e
não sabido”, por não conseguir localizar a empresária para cobrar débitos.
Após a prefeitura e a empresa tomarem conhecimento
da investigação do MPCO, a empresa enviou ofício ao órgão dizendo que não
estava vendendo os respiradores, mas que era apenas representante empresarial
de outras duas empresas, também do interior de São Paulo.
É claro que a justificativa vazia e sem sentido não
foi aceita pelo MPCO, pois nos contratos não há qualquer menção de que Juvanete
estaria atuando como representante. Certamente, também neste aspecto, ela deve
ter sido orientada por alguém do Recife para encaminhar esse ofício ao MPCO,
mas que não provocou o efeito desejado.
O MPCO descobriu, ainda, que as empresas que a
suposta empresária diz representar não têm qualquer experiência anterior à
pandemia, fato que quem montou a operação de negociação seja da prefeitura ou
da empresa também não conseguiu esconder.
Por outro lado, o MPCO chegou a investigar que as
empresas citadas pela microempresária só recentemente colocaram anúncios no
site “Mercado Livre”, mas não curiosamente realizaram nenhuma venda.
Obviamente o órgão pediu informações e fotos da
“fábrica” de respiradores à microempresária. Ao ver as fotos, o procurador
disse que ficou preocupado com a confiabilidade e qualidade dos respiradores,
porque as instalações seriam “visivelmente precárias”.
O procurador ficou tão preocupado com o que viu que
chegou a afirmar: “Com o devido respeito, vê-se o caráter precário, quase
artesanal da fábrica dos 500 respiradores contratados”. Ele chega a fazer uma
comparação que bem representa o quando ele ficou pasmo com o que viu: “Com o
redobrado respeito, fábricas de alegado trabalho escravo do sudoeste asiático
parecem ter condições de produção destes ‘sofisticados’ equipamentos médicos da
empresa”.
Para finalizar, o Ministério Público de Contas
ainda descobriu outra irregularidade: a empresa não teria sede-própria.
De acordo com o registro da Junta Comercial, o
endereço da microempresária seria “apenas para correspondência". Esse foi
outro fator que causou espanto ao procurador: a foto do endereço da empresa é
uma “humilde residência particular, no interior de São Paulo, na cidade de
Paulínia”.
É curioso ou intencional que ninguém da prefeitura do Recife tenha feito
qualquer pesquisa mínima da situação da empresa para que fosse efetuada a compra
milionária. Pelo jeito, a administração municipal e o prefeito Geraldo Júlio
vão ter muito o que explicar.
O interessante é que a Medida Provisória 966, editada pelo presidente Jair
Bolsonaro, livra
agentes públicos de punição por erro, ação ou omissão cometidos durante a
pendemia.
E certamente quem promove essas “compras” milionárias por
parte dos órgãos públicos sabe o que está fazendo.
Com informações do Blog de Jamildo
Comentários
Postar um comentário